domingo, 21 de dezembro de 2008

A quem (não) sabe e há quem merece

Conheço povos que acreditam em Deus
E gente que acredita no amor.
Gente que conhece o mundo
Mas não sabe do seu interior.

E há quem mereça na vida muito mais que um ramo de flores e um livro de bom autor.
Há quem mereça na vida o prazer de uma tarde chuvosa, um passeio no parque e cartas de amor.
Há quem mereça na vida conhecer a parte que lhe falta, o complementar de seu espaço mutuamente ortogonal.
Há quem mereça na vida entregar-se ao outro, dar-lhe tudo, não exigir nada e assim manter o bom astral.

Há quem merece um pouquinho, um momento ou talvez dois.
Há quem precisa de carinho, se ilude e só percebe depois.
Há quem parece tão bonzinho, mas desmorona ao ser desvendado.
Há quem não esconde do vizinho e esse talvez seja mais prendado.

Há aquele da modinha, da tendência, das baladas e da academia.
Há também um de mais conteúdo, peça rara feita com poesia.
Há os bobos, chatos, rejeitados e inconvenientes.
Há os fofos, cobiçados, não amados mas atraentes.

E há quem diga por aí que há tempos e tempos pro amor.
Falta-lhes muito...
Muito...
Mas muito...

Para entender do inoportunismo que fisga das vidas uma história
E com pesar ou sem pesar, por pensar sem precisar
Encerra tudo na contração do tempo em um pequeno espaço observado de outro referencial
Cuja transformação de Lorentz fornece t = 300s.

sábado, 13 de setembro de 2008

Como lidar com as roupas


Há um tempo em que nossas roupas já não servem mais e a faxina torna-se necessária ao guarda-roupa. Se lembra daquela blusa que você tanto gostava? É hora de dar um fim nela, desfazer-se. E aquela calça que você usou na quadrilha da escola? Pois é, já está curta demais. Aquela camiseta de jogar futebol então, nem se fala. Depois de tanto racha, ficou toda desbotada e com um rasgo que te lembra aquela segurada malandra que o zagueiro deu em você. Por mais difícil que seja, é preciso dar um fim nessas vestimentas.


Tem gente que doa as roupas, é uma boa saída. Pode doar para o irmão, para o amigo, para um conhecido necessitado. Mas no fim das contas, causa muito incômodo ver alguém usar aquela sua roupa, aquela que você ganhou do padrinho, ou então aquela que você estava usando quando beijou aquela menina, ou aquela, sim, aquela que você cuidava com tanto carinho e agora vive suja de lama, tão mal cuidada. Dá uma pena ver suas roupas maltratadas. E por isso, as mantemos conosco mesmo, sob as asas de quem as ama e sempre manejará com zelo.


Por isso tem gente que não se desfaz das roupas e fica com o guarda-roupa cheio, cheio de inutilidades, cheio de lembranças, mas vazio de benefícios. Cria-se uma ilusão de que um guarda-roupa preenchido garante segurança e condições para se vestir em qualquer ocasião, quando na verdade apenas uma meia dúzia de peças é que realmente estão "em uso". As gavetas estão tão cheias que dá trabalho para fechar. Há uma partição de roupas novas, as de sair, e outra de roupas mais antigas, para usar em casa. Na gaveta de cuecas, um bolo mal definido mistura elásticos rasgados, sungas, samba-canções, uns poeminhas escritos em folha de caderno e algumas cuequinhas vermelhas, que é pra dar um ar mais sensual. Cada cabide abriga no mínimo duas peças, uma mais velha por baixo e a mais nova, que será utilizada, por cima. O calceiro é de difícil acesso, pois está pesado e as barras mal feitas daquele moletom preto velho ficam arrastando pelo chão, atravancando o movimento.


E olhando como um bom crítico, tenho muita pena dessas roupas. Afinal de contas, estão ali por puro capricho do dono, sem cumprir seu papel, sem fazer aquilo para que vieram ao mundo: VESTIR. E sem se dar conta disso, o guardador de roupas, assim como meu Caeiro guardador de rebanhos, adoece. Sem querer, o pobre coitado aprisiona ali suas roupinhas, tira delas o mundo e tira do mundo elas, abarrota suas prateleiras e contribui para a entropia do móvel. Atinge o limite de resistência da madeira, até que precisa chamar o marceneiro para dar um jeito no guarda-roupa, que também já está ficando velho.


Pois há um segredo, e pouca gente sabe, para manter seu guarda-roupa sempre novo. Doe. Liberte-se. Não prenda suas roupas. Dê para seu irmão, para seu amigo, para seu vizinho, para o mendigo da esquina, dê! Não se preocupe com a vida pós-você de suas roupas. Elas certamente vão se virar sozinhas e serão felizes com o novo dono, para quem terão utilidade. Algum dia talvez você cruze com elas na rua e veja o quão feliz elas estarão se sentindo no manequim de alguém, muito mais móveis e flexíveis do que estavam quando dobradas. Assim poderá manter seu guardador sempre em forma, abrigando sempre uma quantidade tolerável de peças e sujeito a menor esforço físico.


E se por assim guiar sua vida, sempre terá um espaço para um acessório novo, o qual vai passar pela história de seu armário e fazê-lo mais completo e experiente. Afinal de contas, é no espaço das peças antigas que se encaixam as novas. É nos momentos de mudança em que realmente se decide a vida. É nos minutos finais que a probabilidade de um time marcar é maior e é na hora de se desfazer das roupas que sua felicidade pode aparecer. Não tenha medo, pois o mundo é daqueles que se arriscam, daqueles que "não vão por ali". Nunca vi alguém ser feliz sem se arriscar, mas já vi muito medroso chorando pelos cantos, arrependido por não ter se desfeito daquela meia. E se serve de consolo para você, aquela camiseta velha de dormir, aquela é eterna e nunca deve ser jogada fora. Mas você saberá a hora certa de escolher a sua, pois "sentirá seu coração parar de funcionar por alguns segundos" (Drummond) quando tocá-la. Eventualmente pode ser que se engane uma ou outra vez na escolha da sua roupa de dormir, mas caso isso ocorra, em algum momento será percebido. E nesse dia, faça a faxina.


Desculpe o texto confuso, mas preciso ir agora. Meu guarda-roupas está cheio!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Essa é uma das minhas músicas prediletas, que por acaso conheci enquanto fazia um trabalho sobre o Brasil da década de 50. Não é por acaso que a Bossa Nova marcou a história da arte basileira e não é por acaso que essa música está aqui hoje:

sábado, 12 de julho de 2008

Férias

Com o fim do semestre e toda a preocupação das obrigações acadêmicas, acabei nesse último mês de junho deixando o blog um pouco de lado. Mas, agora que as férias chegaram pretendo retormar à toda com meu brinquedo virtual. Não hoje, pois estou com pouca inspiração, mas nos próximos dias, certamente.

Mudando um pouco o foco da página, vou aproveitar julho para expôr aqui algumas coisas das quais gosto, tal qual é feito na maioria dos blogs fúteis da internet. Assim, provavelmente, você leitor, saberá um pouco mais sobre mim e quem sabe possamos nos conhecer melhor.

Até breve,
Aguardem!

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Especulação

Encaro a sala especular
Polígona, côncava de convexos
Já não consigo nela andar
Apenas admiro meus reflexos

Entre pisos e paredes mil e uma
Imagens projetam os feixes de luz
Procuro a melhor, não acho nenhuma
Tomo como verdadeira a que me seduz

Às vezes o reflexo me mostra um nada
Olho de lado e avisto um pedregulho
Tão sério como água verde e parada
Logo percebo estar vendo meu orgulho

Se um pequeno sentimento revelo
Embaça e desfoca toda esta imagem
Sem controle, quase me atropelo
Ufa! Só me salva o medo da miragem

E ao apagar das luzes acaba tudo
Perco meus espelhos, mas não me perco
Porque as imagens são muitas
Mas eu, somos só eu.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

da alma pequena

Até que ponto vale a pena
Ser ator fora de cena?
Até que ponto vale a pena
O cantar sem nenhum tema?
Até que ponto vale a pena
Ver o amor portar algema?
Até que ponto vale a pena
Todo stress de um problema?
Até que ponto vale a pena
Essa vida tão pequena?

Até que ponto?
Quero meu pombo.
Até que ponto?
Levo meu tombo.
Até que ponto?
Já estou tonto.
Até que ponto?
Saio do conto.

Até...
Jamé.
Até...
Mané.
Até...
José.

E agora?
Vale?

terça-feira, 27 de maio de 2008

Ode aos porcos

E nesse último feriado que passou aprendi, como todo bom politécnico, a odiar os porcos, a cultivar um saudável sentimento de rivalidade com os amiguinhos do chiqueiro e a bradar meu desprezo por esses. Em quatro dias de competição, mostramos superioridade dentro e fora das quadras, com uma torcida vibrante que empurrou as equipes em todos os momentos e fez-se peça chave das conquistas.

E veja só leitor, por mais coincidente que pareça, mais uma vez descobri que nasci para ser politécnico, pois a mim nunca foi difícil odiar suínos, esses mamíferos nojentos e desprovidos da mínima simpatia, os quais aspiram um ar de lerdeza e falta de classe. Para simplificar minha reflexão, enumerei abaixo algumas das reflexões que facilitaram perceber minha notória desafinidade por porcos:

1-Sou corinthiano;
2-Prefiro carne bovina ou de frango;
3-Como feijoada, mas não sou fã;
4-Adoro andar perfumado;
5-Não simpatizo com objetos gordos;
6-Não gosto do Presuntinho;
7-Sou fã do lobo mau;
8-Prefiro queijo;
9-Odeio quem joga lixo no chão;
10-Não tomo leite de porco;
11-Não gosto da maneira como Orwell representa os bolcheviques;
12-Acho o Baby irritante;
13-Acho o Leitão chato;
14-Desprezo o desenho do Chaves na lousa;
15-Meu avô fazia lingüiças;
16-Assisti ao Ilha das Flores;
17-Não gosto de roupa suja;
18-Tomo banho (nem sempre, mas tomo);
19-Não pisaria em um chiqueiro por nada;
20-Odeio porcos com sobrenome homônimo.

Entretanto, não quero cometer nenhuma injustiça e faço questão de frisar aqui minha admiração e devoção pelo Cascão, talvez o único porco do mundo (real ou não) que me agrada.

CHUPA PORCADA!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Tarde demais. Irene é morta!

Irene? Não seria Inês? Não, caro leitor. A verdade é que Irene é morta, a Irene do querosene, aquela que acende o fogareiro. E é morta por uma fatalidade do tempo cronológico e meteorológico.

Acontece que nessa semana dei de ficar doente, com uma forte dor de cabeça, um tanto incomum dentro dos padrões de resfriados que costumo pegar, os quais geralmente me atacam a garganta. Pois bem, como tantas outras coisas que repudio na vida, assemelho-me com o vergonhoso Alberto Caiero e já descobrira isso há muito tempo atrás. Dentro dessa minha enfermidade, acabei pensando, tal qual meu amigo poeta o faz somente quando doente.

E na enfermidade de meus pensamentos, assassinei Irene com minhas próprias unhas, dotado de uma voracidade incrível e de um ódio satânico. Pobre Irene, não merecia tanto, ela que sempre me acompanha nos momentos mais difíceis, que cura a falta de Inês e me faz sentir mais forte. Cansei de Irenee o pior de tudo, não pela primeira vez!
E tenho medo do que digo, pois espero que Inês também esteja morta, ou ao menos dormindo durante o mês de maio, tal qual a Bela Adormecida, esperando que seu príncipe (e quem seria esse?) a desperte e possam viver felizes para sempre.

Vivendo em um conto de fadas, dentro desse livro mágico da vida vou criando ciclos, de Irenes e Inês. Ou seriam "Inêses"? Já nem sei mais definir a veracidade do que sinto. Só sei que como temia, os fluidos desse mês não vêm me fazendo bem. Tanto os fluidos atmosféricos como os exotéricos, esses últimos um pouco mais mal, visto que podem vir a gerar seqüelas mais profundas que qualquer dorzinha de garganta.

Inês, bons sonhos!

domingo, 4 de maio de 2008

Inauguração!!!

Com a presença desse primeiro e por enquanto único post, inauguro aqui meu blog sem sequer saber porque estou me rendendo a essa ferramenta virtual. Talvez seja uma tentativa de ocupar uma parte do tempo livre com a escrita, ou a maneira encontrada por mim para extravazar minhas angústias e reflexões, mesmo que eu não ache esse o meio mais adequado. Acho mais provável, porém, que tenha sido uma decisão do meu subconsciente, uma manobra para satisfazer essa minha síndrome de pseudo-intelectual.

Pretendo fazer desta página um ambiente agradável para mim e para meus leitores, apesar de não cogitar a hipótese de ter leitores. Quiçá um ou outro amigo de vez em quando dê uma lida em meus posts e isso não me incomodará ou então um internauta perdido em meio à rede vasculhando blogs também se depare com essa página e para mim será indiferente ter esse segundo tipo de público. Meu melhor leitor certamente será(ei) eu mesmo e para efeito de estilo e preciosismo, usarei de quando em vez um vocativo para tomar a sua atenção, caro leitor, mesmo sabendo que no fim das contas o caro leitor é o mesmo caro escritor que aqui vos digita.

Perdoe a escrita pouco tenaz desse post, é efeito da minha despraticidade com a mídia e também uma excessiva carência de produção de textos, visto que não os tenho feito mais com freqüência desde que ingressei na universidade. Prometo, entretanto, que tão logo a página apresente um corpo que se reconheça como blog, a leitura tornar-se-á fluente e agradável, sem esse requinte de formalismo e com uma naturalidade charmosa. Como diria uma amiga professora, serão textos nos quais a leitura parece deslizar.

Se por muito me sentir à vontade, poeminhas poderei aqui publicar para rir de mim mesmo e para resgatar os sentimentos que deposito em algumas letras quando as digito, mas creio que isso não se realizará. Tenho vergonha de publicar poemas.

Faço aqui, uma jura leitor, evitarei..... evitarei não, definitivamente não publicarei nenhum texto que tenha escrito em data anterior a hoje, para não dedicar meu tempo à escolha de textos em vez de escrevê-los. Como sou sincero, sei que quebrarei essa jura e logo, logo, vou publicar um ou outro que ache pertinente.

Encerro assim minha primeira postagem, um tanto quanto confusa acho eu, com a sensação de que realmente fui prolixo e ambíguo. Talvez devesse editar algumas coisas, mas o tempo e a preguiça não me dão esse luxo no momento.

Bem-vindo(a) ao meu mundo!